Greta Rabo: A história

Esta é a história de Greta Rabo, uma mulher tão feia, tão feia, tão feia que parecia que lhe tinham ateado fogo à cara e apagado as chamas à martelada. Diziam que ela tinha sido criada por um rolo compressor. A sua vida foi profundamente marcada por isso. Cada vez que entrava no banco o gerente mandava desligar a câmara de vigilância só para não estragar a gravação.

Greta Rabo nasceu e foi abandonada na casa de banho do café "Porco Sujo", na localidade de Picha Grande, na freguesia de Entre-os-Rabos. Ainda hoje o seu nome consta dos manuais médicos como o único aborto humano que conseguiu viver até aos 80 anos. Quando nasceu, Greta Rabo já era tão feia que assim que a empregada de limpeza deu com ela encaixada entre a retrete e autocolismo, gritou para o balcão: "Porra, já andam a cagar fora da sanita outra vez"!

Greta Rabo foi encontrada nuinha. Na sua companhia estava apenas um bilhete que dizia: "Se tivesse acontecido com vocês também preferiam abandonar o feto e criar a placenta". Na altura ninguém conseguiu descobri de que lado estava o rabo. Por isso lhe deram o nome de Greta Rabo. Quando crescesse ela que descobrisse de que lado estavam um e outro.

Greta Rabo nunca conheceu a mãe, nem o pai, nem os avós, nem ninguém. Um dia pôs um anuncio no jornal com fotografia à procura de familiares. Responderam a Sociedade Protectora dos Animais e o Observatório Nacional dos Fenómenos Para-normais. Certa vez disse-lhe um psicólogo: "Deus castiga, mas o que ele fez consigo foi um exagero".

Quando fez 18 anos Greta Rabo recebeu uma carta da Direcção Geral de Viação a pedir-lhe para sair de casa só à noite para reduzir a sinistralidade rodoviária na zona. A noite levou-a para a má vida, mas soube-se impor. Era ela que tinha sempre a última palavra: "Sim Senhor!". Para os homens que nunca tinham tido sexo, Greta Rabo caíu do céu, ainda que de cara.

Um dia Greta Rabo decidiu inscrever-se no concurso da mulher mais feia do mundo. Recebeu nota dez: dezinteressante, dezpenteada, dezdentada, dezlavada, "dezculpem mas onde é que dezencataram isto", gritou, às tantas, o presidente do júri.

Greta Rabo vingou na vida com aquilo que sabia fazer melhor: sexo oral. Era o tipo de mulher que os homens gostavam. Media um metro e meio: a altura ideal para o serviço; não tinha dentes, o que evitava acidentes de trabalho e tinha umas orelhas que pareciam duas antenas parabólicas: o que era ideal para controlar os movimentos de cabeça.

Greta Rabo começou na vida bem cedo, ainda na escola. Aos 18 aos, foi à prova oral depois de ter chumbado na escrita. Precisava de tirar vinte. No dia seguinte perguntou-lhe uma colega: "Então deu para passar?". Ao que ela respondeu: "Dei!". Foi a partir desse dia que Greta Rabo passou a viver do sexo. Ela tinha uma boca tão grande, tão grande, tão grande que de cada vez que queria dizer 100 tinha de fechar metade para não dizer 200.

Greta Rabo faceleu aos 83 anos, vitima de doença prolongada: um camião arrastou-a ao longo de 500 metros. Greta ficou irreconhecível... para melhor. "Se o camião a tivesse atropelado mais cedo esta mulher teria certamente tido uma vida mais feliz", disse a médica legista que lhe fez a autópsia.

Greta Rabo foi a enterrar num dia de chuva. O único a chorar foi o coveiro: estava de folga quando recebeu uma chamada para abrir o buraco a Greta Rabo. "Mais ainda?" perguntou ele. "Não é esse", gritou o padre: "É preciso enterrá-la". Ao que o coveiro respondeu: "Ó senhor Padre peça-me tudo, mas com ela morta não sou capaz".

Um dia, de noite, alguém entrou no cemitério, ajoelhou-se sobre a lápide e com a ponta de uma navalha gravou na pedra aquelas que foram as últimas palavras dedicadas a Greta Rabo. "Nunca soubeste dizer que não. Fodeu-te um camião".