domingo, julho 17, 2005

Milhões são só milhões

O Euromilhões desta semana tem um prémio de 96 milhões de euros. Dizem que é muito dinheiro mas, bem vistas as coisas, nem é assim tanto. Pensemos em grande, como verdadeiros excêntricos:

- Noventa e seis milhões de euros não dava para pagar a totalidade da Casa da Música, não chegava para comprar um décimo das reservas do ouro português, para pagar o IRS a 150 mil contribuintes ou um terço da gasolina que se gastou em Portugal apenas nos primerios cinco meses deste ano.

- Noventa e seis milhões de euros, não dava para construir duas novas pontes entre a Chamusca e a Golegã (uma para a ida e outra para a volta), não dava para fazer mais do que cinco túneis do Marquês (e se Lisboa precisa de túneis!) e nem para pagar dois quilómetros de uma nova Vasco da Gama.

- Noventa e seis milhões de euros não chegava para pagar o novo filme do Spielberg, "A Guerra dos Mundos" e nem para comprar um oitavo da riqueza de JK Rowling, a autora do Harry Potter.

Resumindo: Noventa e seis milhões de euros dava apenas para comprar "bugigangas", qualquer coisa como vinte estátuas evocativas do 25 de Abril a José Cutileiro (para que é que alguém queria duzentas pilas plantadas no jardim?), 35 Figos ao Real Madrid (eu nem um queria) e só dava para comprar quatro Robinhos no Brasil (eu disse Robinhos com "o", o avançado do Santos).

- Noventa e seis milhões de euros dava apenas para meter o meu nome no Estádio da Luz por um período nunca superior a 40 anos e nem sequer chegava para encomendar mais de dez barcos de luxo com capacidade para 130 amigos (o que é que eu fazia com os outros?) para passear no Douro. Muito pouco, portanto, para um excêntrico.

- Noventa e seis milhões de euros nem permite realizar uma boa acção... em grande, já que não chega a ser nem 1/420 avos do valor que os G8 vão doar aos Países mais pobres do mundo.

E depois tem a velha história: o dinheiro corrompe. Mesmo ainda sem ganhar nada há quem ache que o dinheiro já lhe pertence. Ainda há uma semana em Marzelos, Viseu, dois homens envolveram-se à pancada em plena papelaria cinco minutos antes de fecharem as máquinas de jogo.

Eu por mim não jogo e se puder não deixo jogar. Já repararam que quem não joga ganha sempre mais do que quem joga? Eu, todas as semanas, ganho aquilo que não perco: E já levo um dinheirão!

Sorte? Sorte é encontrar na rua uma nota de cinco euros. Muita sorte? Muita sorte é encontrar uma de dez.

"Há milagres!" dizia-me indignado um amigo: "Milagres? Milagre é entrar num restaurante e cruzar-me com a Carolina Dickman. Isso é que é milagre!", respondi-lhe.

2 Comments:

At 8:31 da tarde, Blogger jacky said...

:) Também não jogo. Desde que se tenha o suficiente para se comer um gelado ao fim da tarde ou para comprar um livro que se aprende a desejar, chega perfeitamente!

 
At 7:44 da tarde, Blogger João Mãos de Tesoura said...

Não sei quem é a Carolina, mas pelo tom acredito! :D

 

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