A minha avó
Toda a gente tem, pelo menos, uma avó. É como o umbigo, não há ninguém que não tenha um. Eu tenho os dois: o umbigo e uma avó (neste momento até tenho duas, mas o presente "post" serve para me referir àquela que deu à luz a minha mãe).
Antes de mais que fique claro: Eu gosto muito da minha avó, até porque ela tem a sua quota parte de culpa no meu umbigo (e eu também gosto muito do meu umbigo. Não sou daqueles que passa o tempo a olhar para ele mas também porque tenho a certeza que sou mesmo muito bom). Sejamos honestos: todos nós pensámos, em determinados períodos das nossas vidas, que as nossas avós já nasceram avós: Nunca lhes conhecemos os pais. Só conhecemos os seus filhos e nós: os seus netos.
"De maneira que" (esta é uma expressão dela), sempre me habituei a ver a minha avó assim: avó. Quando era miúdo julgava que ela era minha avó porque alguém a tinha mandado ser. Para mim não existia qualquer relação de parentesco. Se naquela altura eu não percebida como é que tinha saído da barriga da minha mãe, como diabo é que havia de entender que a minha mãe tinha saído da barriga da minha avó?
Quando era miúdo eu achava que a minha avó tinha e teria sempre a mesma idade e que os aniversários eram para os mais novos. Eu achava que a minha avó tinha muitos anos e que devia deixar as "festas de aniversário" para os outros (lá em casa chamávamos-lhes "festas de anos" mas com o tempo percebi que esta expressão poderia ter outras conotações e decidi abandoná-la).
Quando era miúdo eu achava que a minha avó teria sempre o mesmo tom de pele, as mesmas rugas, o mesmo andar. Quando era míudo achava que as avós existiam para serem apenas e só isso: avós. Pensava que por serem avós, elas não precisavam de trabalhar (mais tarde lembro-me de ouvir o meu pai dizer que ela ganhava uma reforma e pensei que alguém lhe pagava para ela ser avó, minha avó).
Enfim, eu sempre julguei que a minha avó nunca deixaria de o ser. Ou pelo menos eu sempre achei que a minha avó nunca deixaria de ser como era: ainda para mais chamando-se Alegria... da Piedade, imaginem!
Entretanto eu cresci. E a minha avó cresceu comigo. Envelheceu. Hoje eu tenho metada da idade que ela tinha quando eu achava que ela já era demasiado velha. Hoje, a minha avó tem quase 90 anos. E deixou de ser a minha avó como eu a conhecia, como eu me lembro dela. Hoje, várias vezes, a minha avó esquece-se quem eu sou. A cabeça dela confunde a casa onde sempre viveu com a casa que nunca teve. Fala como uma criança. Não consegue somar o evidente com o lógico. Perdeu discernimento. Não reconhece o mal, dizemos nós. Perdeu vida. Ganhou amargaura. Perdeu vontade. Ganhou desinteresse. Perdeu Alegria. Mas nós, os que a rodeiam, lá vamos tendo Piedade.
Ontem mesmo achou que estávamos a plantar flores numa parede. A única coisa em que ela acertou é que a parede não tem terra.
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